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Onisciência e Conhecimento Médio

Tradução: Samuel C. Santos

Trecho de entrevista do Dr. William Lane Craig no qual ele explica ao entrevistador Robert Lawrence Kuhn um pouco sobre o entendimento molinista (proposto no século XVI pelo teólogo jesuíta Luis de Molina) sobre a onisciência de Deus.

  1. Gustavo
    janeiro 11, 2011 às 6:55 pm

    Você não acha que essa doutrina molinista deixa Deus numa posição de um mero espectador e coloca o homem como o protagonista da história?

    “…possuimos duas opções ceder ou resistir, sabemos qual devemos escolher, mas nunca realmente sabemos o resultados. Adão possuia duas opções, resistir ou ceder a tentação da serpente, sabia que não devia comer do fruto, mas não podia escapar do resultados decretado, ops!, previsto por Deus, isso simplesmente porque o futuro a Deus, e somente a Ele, pertence. Existem opções? SIM! Existe a possibilidade de agir de forma contrária àquilo que Deus já viu? NÃO!” (site ministério beréia)

    Grato!

  2. Samuel C. Santos
    janeiro 19, 2011 às 6:40 am

    Acho que não, Gustavo. Muito pelo contrário, acho que essa doutrina coloca Deus na posição de soberano, como o grande maestro da história de sua criação. Se por “protagonista” você quer dizer o “agente causador das próprias vontades”, sim, segundo o livre arbítrio (pressuposto para o Molinismo) é o homem que determina sua volição (no sentido mais restrito do termo, já que em certo sentido Deus também determina as vontades humanas quando escolhe um mundo viável para criar). Mas se, por outro lado, você quer dizer que o homem é independente da vontade soberana de Deus, isso é o contrário do que a doutrina afirma. Para entendê-la melhor, sugiro a leitura do artigo “A Diferença Entre Mundos Possíveis e Viáveis” aqui do site.

    O texto que você citou parece ser um argumento tradicional conta a possiblidade do livre arbítrio. Em termos da lógica modal, ele pode ser formulado assim.:
    1. Necessariamente (Se Deus conhece p, então p)
    2. Deus sabe p
    O argumento então conclui que
    3. Necessariamente p.
    Ou seja, se Deus sabe que amanhã a primeira palavra que falarei é “Bom Dia”, eu necessariamente falarei “Bom Dia”, de forma que não há sequer a possibilidade metafísica de que eu venha a falar outra coisa. O erro com esse raciocínio é que 3 não segue de 1 e 2. Não há qualquer regra de lógica modal amplamente aceita que sustente a conclusão de 3. Deus pode saber que eu falarei “Bom Dia”, sem precisar causar diretamente essa atitude em mim. De acordo com o livre arbítrio, eu poderia falar, por exemplo, “Estou com fome”, mas mesmo assim Deus inevitavelmente e antes mesmo da fundação do mundo saberia isso (conhecimento médio). Resumindo, não existe relação lógica entre as premissas e a conclusão.

    Abraço.

    Abraço.

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